terça-feira, 12 de junho de 2012

Desemprego


Tinha este texto guardado, até tive que ver se não era repetido! Achei engraçado porque nem percebi que era meu ad inicium, desde já peço desculpa por ser longo!


A grande fragilidade do país é fácil de identificar e todo o espectro político é unânime (haja alguma coisa), é o desemprego. Ora, para criar empregos há 4 alternativas:
1º- O Estado engrossar as suas fileiras, no funcionamento público, algo que neste momento é impossível porque não há dinheiro e nunca é recomendado. Aliás, uma tarefa muito importante é emagrecer o Estado, fazendo uma revisão dos mais que badalados institutos e empresas do estado. Os alicerces do sistema democrático são uma horda de boys e clientes, desde a Assembleia da Republica até à junta de freguesia de Fuigueiró dos Vinhos, em que estão lá os sobrinhos do amigo do presidente que já lá está desde o 25 de Abril. Pode-se dizer ‘mas se estão lá é porque votaram neles’, obviamente que o fazem, pois todos têm um familiar próximo senão mesmo a própria pessoa que vive à custa dos clientelismos e das cunhas. O governo tomou uma medida positiva para este problema, restringindo o número de mandatos dos presidentes de câmara, mas é preciso mais. Os Governos Civis, por exemplo, são um atentado à democracia e ao respeito por quem realmente trabalha e quer andar com este país para a frente. Mais havia a dizer sobre este assunto, mas vou relegá-lo para uma próxima oportunidade.

2º- Fomentar a economia interna, tomando medidas que façam aumentar em número e tamanho as empresas portuguesas e que estas aumentem as exportações. Para isso, será preciso alterar algumas regras contributivas para as pequenas e médias empresas, equilibrando essa diminuição de liquidez com um aumento de imposto sobre a banca e grandes empresas. Facilitar a formação de uma empresa, descomplicando o ’’’’simplex’’’’, diminuindo a burocracia.
Dentro deste ponto será importante referir o empreendedorismo. Vivendo e sendo a geração com mais acesso à informação e num mundo quase sem fronteiras os jovens deviam ser, desde tenra idade, incentivados a desenvolver aptidões, desenvolver as suas capacidades intelectuais para criar ideias e negócios rentáveis e exportáveis. Surgem como expoentes máximos desta atitude empresas como a YDreams e a Sovena, sendo que esta última junta tecnologia de ponta à agricultura.

3º- Aumentar a implementação de empresas estrangeiras no país. Tanto para isto, como para o ponto anterior, será obrigatório flexibilizar o mercado de trabalho promovendo um despedimento que não exija um longo, moroso e dispendioso processo judicial dos elementos que não têm uma performance adequada aos serviços da empresa, salvaguardando, ainda assim, os direitos dos trabalhadores. Seria, portanto, de grande importância, uma reforma conjunta do trabalho e judicial. Esta flexibilização deveria começar dentro de cada empresa com acordos entre as comissões de trabalhadores e os agentes patronais, tal como aconteceu na Autoeuropa, “precarizando”, ainda que de forma temporária, o emprego através de horas extraordinárias, turnos extra com menos custos e ausência de férias para a empresa. Com isto pretende-se que os trabalhadores sejam considerados como accionistas das empresas, partilhando as dificuldades e os lucros das mesmas. Sendo que nesta empresa, em pleno momento de crise, foi possível abrir 300 novos postos de trabalhos depois de o esforço dos trabalhadores e dos patrões para evitar o encerramento desta unidade da VW. Que é tudo o que os sindicatos não defendem, virando sempre os trabalhadores contra os patrões, criando um ambiente de guerrilha dentro das empresas. Expoente máximo desta irresponsabilidade são as greves decretadas pelos sindicatos dos maquinistas da CP, essencialmente contra os cortes salariais, e que obviamente nunca terão qualquer efeito para a revogação destas medidas pelo menos enquanto tivermos um governo demissionário. Esta greve gera apenas duas consequências, fim-de-semana prolongado para os maquinistas e transtornos para as pessoas que querem realmente trabalhar e que precisam dos comboios para isso. 

4º- The last but not the least, é ainda necessário incentivar os jovens a seguir cursos técnicos que lhes permitam aprender profissões como agricultor, talhante, cozinheiro, sapateiro, pedreiro… Cursos ’’’superiores’’’ que não passam de um diploma vazio no conteúdo, que não suprem as necessidades da sociedade, não são úteis. É obvio que se pode tirar um curso pela vantagem de se enriquecer culturalmente, mas não se pode exigir um emprego em muitas destas áreas que não lembram ao Diabo. Maior parte das licenciaturas onde o desemprego é maior são cursos que servem para os jovens passarem 3 anos de férias à custa dos pais e dos contribuintes e cujas pseudo-qualificações não servirão para qualquer avanço da sociedade. O emprego é um investimento, temos que investir em aptidões que sejam procuradas. Pouca gente ao longo da vida vai fazer sempre o que gostas, faz parte dos obstáculos que temos que enfrentar, mas o trabalho é só uma parte dessa vida, uma pessoa não tem que ser infeliz por trabalhar no modelo ou num call center. E se a licenciatura for útil, mais cedo ou mais tarde, alguém nos procurará! Será importante relembrar que na FEUP um ano depois de acabar o curso 100% das pessoas tem emprego. Mas, voltando aos cursos mais técnicos, é importante modificar a imagem que os jovens têm das profissões para as quais esse cursos são feitos. Ser agricultor já não é só andar de enxada na mão a plantar batatas, ser pastor não é só levar as ovelhas para o meio do monte e ser pescador não é só ir para o mar num barquinho de madeira durante a madrugada. Se bem que se ainda assim fosse era muito mais honrado do que estar na casa dos pais a fazerem-se de coitadinhos. Parece que grande parte da população segue o ditado de que mais vale uma mão inchada do que uma enxada na mão. Os grandes exemplos de que estas profissões, se forem encaradas com profissionalismo, empreendedorismo e visão podem criar emprego e dar uma vida de qualidade a quem por eles enveredar são o Grupo Amorim, a Portugal Fresh, a Sovena e o grupo Nabeiro.


Pedro von Hafe Leite