segunda-feira, 11 de junho de 2012

Chico-espertice

Há duas semanas que Nicolau Santos, economista e director do suplemento de Economia do Expresso, escreveu na sua coluna habitual um caso, não tanto curioso mas interessante e um representativo da sociedade portuguesa em geral e da perversidade de muita gente neste país.

Neste caso o reputado economista tendo feito parte de um painel de figuras relevantes da economia numa iniciativa do Expresso, em Viseu para as PME, reporta que recebeu várias reacções de empresários que estiveram nesta iniciativa. Ele relata que muitos empresários diziam que queriam crédito para fazer frente ás dificuldades de tesouraria, à necessidade de reestruturar dívida a longo prazo com condições mais favoráveis do que os empréstimos normais, para investir, enfim para uma série de razões tidas como legítimas para empresas que dão emprego, que se querem desenvolver, investir, recrutar e contratar. Enfim estas empresas querem ser agentes de desenvolvimento por motivação própria e querem criar riqueza.

No entanto qual é pasmo destes empresários que quando contactam os bancos que gerem as linhas de crédito que o Estado disponibilizou com um esforço considerável, em especial considerando as necessidades de investimento em inúmeros sectores do Estado, são lhes dado prazos incrivelmente demorados de decisão, por ventura para desincentivar a procura de tamanha soluções, exigências incomportáveis para aceitar o tal risco, que na prática é nenhum visto que é capital seguro pelo Estado.

Aliás chega-se ao cumulo de gestores de conta, de bancos não nomeados no artigo, de contactarem empresas sem manifestas necessidades de financiamento em requerem o tal crédito da linha para investirem em contas a prazo e outros produtos financeiros do banco, pelo facto de que os juros da linha serem muito inferiores aos juros que o banco propõe ás empresas para desviar o tal crédito estatal para o banco num produto financeiro. Esta informação foi veiculada a Nicolau Santos por um empresário a qual não tendo qualquer necessidade de financiamento foi contactado pelo gestor de conta da sua empresa  para que pudesse beneficiar de dinheiro fácil e que não ajuda a economia e erra completamente o propósito e para que o banco encaixa-se um depósito fácil e dificilmente seria levantado pelo empresário em caso de necessidade.

Uma completa subversão do propósito para qual foi destinado esta verba pelo Estado. Os bancos como sempre querem escapar ás responsabilidades de financiarem a economia com estratagemas que tiram o risco e alavancam lucros. Querem como se diz na minha terra, o sol na eira e a chuva no nabal.

Os mesmos bancos que foram os agentes determinantes no lobbie da desregulação financeira, na alavacangem financeira, aqueles que podem praticar as politicas remuneratórias que quiserem em prejuízo ou no lucro, aqueles que se tiverem problema são os primeiros a serem ajudados, aqueles que ainda hoje não foram responsabilizados e que ajudaram a esconder a realidade. Esses mesmos tipos estão a agora nas mesmas receitas de chico-espertice.

Uma menina canadiana de 12 anos numa conferência do banco central deste mesmo país tem algumas boas coisas acerca dos bancos, ainda que de um modo genérico.

Posso resumir numa fase de Mark Twain, ainda que parafraseada: "O banqueiros é pessoa que te empresta um chapéu de chuva quando faz sol e que o te tira quando chove"