domingo, 29 de abril de 2012
Lobbie ou não Lobbie, eis a questão.
A questão pode ser encarada pelo seguinte: vivemos num mundo de múltiplos contactos e papeis para os agentes públicos sejam políticos, grandes empresários, altas figuras do clero ou responsáveis de ONG. Esta é a realidade, onde os supostos conflitos de interesses, ainda que aparente, fazem correr uma cortina higiénica. Nesta cortina higiénica apenas os falsos púdicos ficam satisfeitos, aqueles que querem esconder a sua hipocrisia e cinismo com medidas que apenas incentivam a mediocridade e falta de eficiência, que vivem da ausência do cumprimento do dever cívico de cada um de nós, de ir além do fácil, do populismo e da demagogia, olhando para cada situação como um caso particular mas com princípios para obter cadeias hierárquicas fragmentadas entre partidos. Com isto obtivemos uma máquina estatal imensa, com dispersão desnecessária de competências, para alimentar boys do PS e PSD de modo a dar uma imagem de equilíbrio apenas culmina num pântano nojento de interesses.
O que eu quero dizer pode ser facilmente interpretado, por toda a nossa história recente, e por apesar de vivermos em democracia, e quando digo nós digo o mundo dito civilizado, com base no facto de que a maioria das decisões tomadas estava arredada do conhecimento pleno dos eleitores. Muitas foram as grandes decisões tomadas por altos dirigentes sem que eticamente tivessem sido escrutinados e sido apurados conflitos de interesses. Deste modo posso dizer que nunca antes tivemos tanta informação e armas legais para nos defendermos dos abusos da autoridade instituída, e mesmo de apesar muitos abdicarem da sua capacidade legitima e natural de escrutinarem de modo racional e honesto, enquanto cidadãos, as acções dos seus governos, alguns começam a ver que redundamos numa poça de imoralidade na política e que mais vale por e simplesmente legalizar os lobbies para criar um regime de transparência.
O argumento é mais ou menos como aquele empregue na legalização da prostituição ou até na descriminalização da posse de droga sem intenção de venda. O argumento é o seguinte: sempre existiu droga/prostituição/interesses ocultos (lobbies) e nunca deixarão de existir, mais vale para proteger as pessoas mais frágeis destas situações como toxicodependentes/prostitutas/cidadãos que se legalize tamanhas actividades e assim elas podem ser controladas com alguma margem de segurança. Eu concordo com os dois primeiros exemplo mas ninguém poderá facilmente me convencer que devemos legalizar os lobbies só porque iríamos controlar melhor estes através de maior transparência. Poderia haver maior transparência talvez, mas os assuntos realmente importantes que estes senhores tratariam com os políticos permaneceria nos segredos dos deuses se assim o entendessem e aquilo que viesse a público poderia facilmente ocultar a agenda escondida. Mesmo com maior transparência na relação o conteúdo de tal relação permanece desconhecido. Olhemos para o exemplo dos EUA em que os lobbies são legais e avalizados pela esfera crítica da sociedade civil como players em processos negociais ao abrigo de uma cultura institucional da contenda e competição digamos amigável; os resultados são que a influência dos grandes grupos mantêm-se e oblitera muitas vezes o interesse público. Com certeza que existem limites a acção destes lobbies, mas mais vezes do que se possa pensar o céu é o limite para a imposição de politicas não legitimadas pelo povo.
Talvez precisemos de um upgrade, precisamos de processos negociais entre os diversos sectores da sociedade para haja um equilíbrio que honre todos os envolvidos desse sector. Precisamos que certas questões não sejam tabu e que grupos de pressão em especial corporações sejam devidamente admoestados em especial face a prova de manifesta interferência no interesse público. Quando um dia um dirigente de um sindicato ou representante de uma associação empresarial fossem implicados em esquemas de exercção de influencia sobre detentores de cargos públicos todos estes deveriam sofrer as consequências de tentar enganar o público.
No entanto o fundamental reside e residirá sempre na efectividade do sistema judicial, ele será a alavanca de uma maior transparência e maior confiança nas relações entre cidadãos, empresas, pequenas, médias e grandes e o Estado. A justiça é mais que um estado, é uma utopia, onde ela nunca é atingida ficamos apenas com o menor de dois males, no entanto tem que ir além do quadro dos tribunais e passar ás instituições como valor basilar.
Em suma, todas as políticas, numa democracia resultam da pressão de grupos organizados, num processo negocial em que o Estado é um player mas também árbitro. Uma mesa negocial multipartidária pode conseguir reformas revolucionárias, basta existir alguma justiça que crie confiança entre os parceiros.
Os Donos de Portugal
quinta-feira, 26 de abril de 2012
Os particulares receberem o IVA de volta é bom para a economia?
terça-feira, 24 de abril de 2012
Passados 38 anos o que mudou?
segunda-feira, 23 de abril de 2012
quinta-feira, 19 de abril de 2012
Cama, comida, roupa lavada e entretenimento grátis. Onde? Nas prisões Portuguesas.
Deste modo, a sociedade que sofreu com os actos do prevaricador tem que gastar recursos para manter o recluso durante o tempo da pena, enquanto o recluso nada faz. Este sistema de laxismo e inércia dos reclusos não só não incentiva à recuperação como facilita a adopção/aprendizagem de novos comportamentos desviantes. Adicionalmente, a retirada das responsabilidades individuais poderá ser vista como uma falta de necessidade de esforço na obtenção recursos para as necessidades básicas. Algo que é totalmente desenquadrado com a realidade.
Um cidadão que trabalha e se esforça diariamente tem que contribuir para adequado funcionamento social nas suas múltiplas vertentes. Por outro lado, um cidadão que prevarica vai preso, mas passa a ter grátis tudo o resto pelo qual os restantes cidadãos têm que trabalhar afincadamente para obter ou manter.
Assim, penso que os reclusos deveriam ser obrigados a pagar os custos da sua detenção. Para tal deveriam de ter que trabalhar e estudar durante o tempo da pena. Assim, ao mesmo tempo que o recluso “reflecte sobre os seus actos”, aprende ou mantêm uma profissão que o ajudará na reintrodução na sociedade e não está a sociedade (que já foi prejudicada) a pagar a estadia desses indivíduos.
Adicionalmente, a prestação laboral e académica do recluso poderia servir para avaliação do esforço de recuperação e consequentemente para amenizar ou agravar a pena. Deste modo, as penas passariam a incluir um componente de punição (não passível de ser reduzido) e um componente de “recuperação” esse sim podendo ser variável consoante o mérito do recluso.
O que vai VOCÊ FAZER em relação a isso?
segunda-feira, 16 de abril de 2012
Homossexualidade
Estamos no edifício da FNAC do Chiado. Trabalho naquela zona e, pelo menos duas vezes por dia, subo e desço a Rua Garrett. Frequentemente, por comodidade, utilizo o elevador da FNAC: é uma forma prática de ir da Baixa para o Chiado e vice-versa.
Em todas as grandes cidades do mundo há lugares preferidos pelas comunidades gay. Não sei as razões que conduzem a essas escolhas, mas muitos guias turísticos já as referem. O Chiado é, em Lisboa, uma dessas zonas – e, de facto, cruzamo-nos aí constantemente com ‘casais’ de mulheres e sobretudo ‘casais’ de homens de todas as idades.
Julgo ser um facto notório que a comunidade gay está a crescer. Há quem afirme que não é assim – e o que se passa é que os gays têm cada vez menos receio de se assumirem, cada vez menos receio de revelarem as suas inclinações, tendo orgulho (e não vergonha) de serem como são.
Talvez esta explicação seja parcialmente verdadeira.
Mas, se for assim, é natural que o número de gays esteja mesmo a crescer. O assumir da homossexualidade por parte de figuras públicas acabará forçosamente por ter um efeito multiplicador, pois funciona como propaganda.
Até há duas gerações a homossexualidade era reprimida socialmente, pelo que muitos jovens com inclinações homossexuais teriam pejo de se assumir – acabando alguns por constituir família para afastar eventuais suspeitas. Conheço vários exemplos desses: casos de homens e mulheres que se casaram, vindo mais tarde a trocar o parceiro ou a parceira por uma pessoa do mesmo sexo.
Ora hoje passa-se o contrário: alguns jovens que não têm inclinações evidentes acabam por ser atraídos pelo mistério que ainda rodeia a homossexualidade e pelo fenómeno de moda que ela assumiu em determinados sectores. Não duvido de que há gays que nascem gays. Mas também há gays que se tornam gays – por influência de amigos, por pressão do meio em que se movem (no ambiente da moda isso é claro), e por outra razão que explicarei adiante e me levou a escrever este artigo.
Ao olhar esse jovem que ia à minha frente no elevador, pensei: será que há 20 anos ou 30 anos ele teria a mesma atitude, assumiria tão ostensivamente a sua inclinação? E, indo mais longe, se ele tivesse sido jovem nessa altura seria gay?
Tive dúvidas. Ao observar aquele rapaz tive a percepção clara de que a sua forma de estar, assumindo tão evidentemente a homossexualidade, correspondia a uma atitude de revolta.
Durante séculos, os filhos seguiram submissamente as orientações dos pais em matéria de profissão e casamento. Às vezes contrariados, mas seguiam. Havia famílias de diplomatas, de advogados, de arquitectos, de empresários, de comerciantes, de carpinteiros, de padeiros, de trabalhadores rurais.
Mas nos anos 60 dá-se na sociedade ocidental uma revolução que mudaria o mundo. É a geração dos Beatles, de Woodstock, do Maio de 68, da droga, do sexo livre e da contestação à guerra do Vietname – ‘Make love, not war’ –, da contestação em geral.
O termo ‘contestatário’ entrou na linguagem comum. As palavras ‘irreverente’, ‘insubmisso’, ‘rebelde’, etc. deixaram de ter uma conotação negativa e passaram a ser vistas como elogios. E não se tratava apenas de um fenómeno europeu. Uns anos antes, do lado de lá do Atlântico, filmes como Rebel Without a Cause (Fúria de Viver), de Nicholas Ray, faziam furor – e James Dean, o protagonista, tornava-se o ícone de uma geração ‘rebelde’ sem uma ‘causa’ bem definida.
Nessa época, um jovem que não fosse contestatário não estava bem dentro do seu tempo.
Pertenci a essa geração em que muitos jovens da minha idade estavam em guerra aberta com a família. Eu tinha amigos revolucionários, que andavam a pintar paredes com frases contra Salazar e a guerra colonial, ou em reuniões clandestinas contra a ditadura, cujos pais tinham lugares de confiança no regime salazarista.
Houve conflitos tremendos entre pais e filhos. Os pais, funcionários exemplares, presidentes de Câmara, directores-gerais, militares de elevada patente, etc., sofriam horrores com a irreverência dos filhos que andavam em manifestações, entravam em conflito com a Polícia e às vezes eram presos.
Em 1969, era o meu tio José Hermano Saraiva ministro da Educação Nacional, eu estava envolvido na luta académica contra o Governo na Escola de Belas-Artes. E pouco depois o meu irmão mais velho foi preso e julgado por ‘actividades subversivas’ – e quem o defendeu, num acto de grande coragem e dignidade, foi ainda o meu tio José Hermano, que era então deputado.
Acrescente-se que muitos dos políticos que hoje estão no activo andaram envolvidos em lutas estudantis e em movimentos revolucionários. O caso de Durão Barroso, que militou no MRPP, é o mais conhecido mas não é o único.
Nos dias que correm, todas essas ilusões revolucionárias morreram ou estão em vias de extinção. O fim da União Soviética e a queda do Muro de Berlim, a evolução da China para uma economia capitalista, a morte política de Fidel, tudo isso fez com que certos mitos desabassem e nascessem outras formas de recusa do modelo de sociedade em que vivemos.
Ora uma delas é a homossexualidade. Para alguns jovens, a homossexualidade surge como uma forma de mostrar a sua ‘diferença’, de manifestar a sua recusa de uma sociedade convencional, de lutar contra a hipocrisia daqueles que não têm coragem de se mostrar como são, de demonstrar solidariedade com aqueles que são discriminados ou perseguidos pelas suas opções.
Ser homossexual, para muitos jovens, é tudo isto. É uma forma de insubmissão. E, está claro, é um desafio aos pais. Se antes os jovens desafiavam os pais tornando-se ‘de esquerda’, hoje desafiam-nos recusando a ‘família burguesa’ e mostrando-lhes que há outras formas de relacionamento e até de constituir família. Aliás, assumir-se como homossexual talvez seja, por muitas razões, o maior desafio que um filho pode fazer aos pais.
Todas as gerações, desde esses idos de 60, tiveram os seus sinais exteriores de revolta. Foram os cabelos compridos, as drogas, as calças à boca-de-sino, as barbas à Fidel Castro, os posters de Che Guevara colados na parede do quarto.
Ora a exposição da homossexualidade é hoje uma delas. E a opção gay é uma forma de negação radical: porque rejeita a relação homem-mulher, ou seja, o acto que assegura a reprodução da espécie. Nas relações homossexuais há um niilismo assumido, uma ausência de utilidade, uma recusa do futuro. Impera a ideia de que tudo se consome numa geração – e que o amanhã não existe. De resto, o uso de roupas pretas, a fuga da cor, vão no mesmo sentido em direcção ao nada.
O fenómeno da homossexualidade como forma de contestação deste modelo de sociedade em que vivemos, de afirmação radical de uma diferença – enquadrada num fenómeno contestatário iniciado nos anos 60 –, nunca foi abordado.
Mas olhando para aquele adolescente que ia à minha frente no elevador da FNAC, percebi que era isso que o movia quando fazia uma pose ostensivamente feminina. Ele dizia aos companheiros de elevador: «Eu sou diferente, eu não sou como vocês, eu recuso esta sociedade hipócrita, eu assumo-me».'
Pedro von Hafe Leite
sábado, 14 de abril de 2012
De hoje para a amanhã e depois, é preciso mais e melhor
1. A cobardia e porque nunca existiram verdadeiras reformas
Claramente que este governo há semelhança de muitos outros governos não abdica do lugar que detém dentro de um poder político altamente centralizado e controlador, seja por ganhos que tem na manutenção de um sistema que garante o status e os interesses de muitas classes profissionais dos quais muitas vezes são directamente afiliados ou interessados ou por simples cobardia de enfrentar tamanhos interesses. A objecção reside no facto de que a premissa fundamental, de muitas destas reformas que devem ocorrer em Portugal no plano institucional, é a descentralização de competências e responsabilidades, logo muita gente ficaria sem o seu couto do orçamento estatal em Lisboa.
Vejam o exemplo da reforma administrativa, alvo uma pseudo discussão/negociação que acabou há pouco tempo e que de modo peremptório foi completamente afastada, em muito pelo desconforto gerado dentro do PSD, um sinal claro que este governo e partido é o mesmo de sempre igual a si e ao PS. A questão fundamental desta temática ou seja as autarquias e o reguebofe que representam nas contas do Estado eclipsou-se.
O país evolui económica e socialmente e nada mudou na organização administrativa e na distribuição do poder local. Reorganizar freguesias é uma pequena questão que quase nada muda, basta verem qual os poderes, orçamentos e respectivo peso no orçamento estatal das juntas. Talvez se possa argumentar que num país propício à inércia e ao atrito a reformas temos que começar por pequenos passos mas não vejo nada que possa substancialmente fundamentar uma reforma autárquica. Mais uma vez um governo tenta enfrentar um touro demasiado bravo para os seus intentos e saí com o rabo entre as pernas.
2. Oportunidades históricas que nos escapam e sairão caro
Desta forma, a cobardia juntamente com falhas de comunicações, mentiras evidentes e com manipulações tornam este governo mais fraco. Vai-se queimando logo agora que nos começamos a perceber que fazer tudo o que a troika impõe e não pensarmos por nós próprios pode levar um resultado bastante próximo do da Grécia. Basta ver os números da economia em especial os de desemprego e rapidamente nos apercebemos que não podemos esperar pelo milagre das exportações quando os nossos principais mercados entram em contracção. Esta crise podia ser realmente uma oportunidade de poder sair de um paradigma conformado e demasiado viciado mas todos os agentes sociais e económicos demonstram aquilo que já sabíamos; somos uma sociedade vazia em valores e em ideias para o futuro.
3. É preciso chamar a Europa
Para além disto, num momento decisivo para concertar estratégias a longo prazo, em especial dentro do plano europeu para a estabilização e para o crescimento da economia, estamos irremediavelmente sozinhos na Europa. Pouco ou nada parecer ser feito para haja uma união efectiva na Europa, para baixar taxas de juros antes que fiquemos arreados ou seja antes que haja tamanha destruição da capacidade financeira e produtiva do país que fiquemos sem massa crítica. A somar isto temos que pensar que existem pressupostos ao nosso regime e ao nosso estilo de vida que tomamos como garantidos que podem começar a falir. Basta pensar que cada ano que estamos em recessão ficamos atrasados no mínimos dois anos, preciosos para reparar problemas a longo prazo como a nossa crise demográfica. Problemas do tecido social que não só nossos mas de muitos outros países europeus. Este era o momento fundamental de liderança.
Para isso era preciso coragem para fazer aquilo que resta para além das eurobonds, ou seja as soluções do meio da ponte no plano institucional. Estas soluções são por exemplo: baixar taxas de juro dando tempo aos bancos para se desalavancarem, financiar a economia e para baixar a pressão do euro dando um empurrão para as exportações extra-comunitárias que a longo prazo parece ser o único passo que a Europa pode tomar.
4. Talvez pedir seja demais, mas agora contento-me por sinceridade e igualdade
Precisamos de mais do que mera gestão, precisamos de genuína liderança e de exemplos daqueles que tem efectivas responsabilidades. Exemplos na coragem com que enfrentam as adversidades dos interesses instalados e na sinceridade e honestidade com que tratam o seu povo com lealdade e como iguais que não temem.
5. Pequenos passos, são pouco nesta altura mas são bem-vindos
Alguns pequenos passos podem motivar um povo que começa a desistir do futuro e da esperança. Estes pequenos passos não custam dinheiro e falam claramente sobre a justiça e a esperança de um melhor amanhã. Falo desde a justiça em si mesma, para obter um regime judicial eficaz que não atrase a iniciativa privada, que devolva a quem de direito em tempo útil mas também no plano da governação que enfrente os interesses das grandes empresas como as energéticas e diminua as avultadas rendas a estas e outras inúmeras empresas que prestam serviços públicos a preços ridiculamente altos e desproporcionados.
Paulo Coelho
quarta-feira, 11 de abril de 2012
Matar uma pessoa tem a mesma gravidade de matar 2, 3, 10, 100? Em Portugal sim!
Não me parece que seja um pressuposto correcto, pois
i) não parte de um pressuposto de proporcionalidade da gravidade da pena à gravidade do acto mas sim ao tempo que é considerado máximo para recuperar alguém. Ou seja, está-se, mais uma vez, a sobre-proteger o indivíduo em detrimento da sociedade;
ii) incentiva à criminalidade pois se quem mata 10 incorre em 25 anos, tal como quem mata 1, em tão o prevaricador tem mais facilmente a tentação de matar 10 para tentar escapar ou conseguir os seus intentos;
iii) não é justo que quem mate um individuo tenha a mesma pena do quem mate 100;
Há muito que se sabe que a mudança de atitudes (aprendizagem) é um processo que se efectua por um sistema de reforço (positivo ou negativo), sistema essa que é proporcional ao acto. Assim, o processo de perda/punição é algo intrínseco ao processo de aprendizagem. Deste modo, se se quer que o sistema penal seja um sistema que recupere os infractores, então, esse sistema deve prever a sua punição de um modo proporcional aos seus crimes.
Por outro lado, penso que, da mesma forma que o sistema penal funciona na base da gravidade do acto para a aplicação das penas, estas não deveriam ter um máximo, mas sim serem cumulativas (ex: 25 anos por cada morte), sendo que a pena deve incluir um tempo de punição (não flexível) e outro de recuperação (flexível mediante o comportamento do recluso durante a pena).
O que vai VOCÊ FAZER em ralação a isso?
terça-feira, 10 de abril de 2012
Devíamos estar todos na cadeia!
Pois bem hoje venho-vos apresentar o artigo 35 e a sua alínea número 3 da Constituição da República Portuguesa: "A informática não pode ser utilizada para tratamento de dados referentes a convicções filosóficas ou políticas, filiação partidária ou sindical, fé religiosa, vida privada e origem étnica, salvo mediante consentimento expresso do titular, autorização prevista por lei com garantias de não discriminação ou para processamento de dados estatísticos não individualmente identificáveis."
Dando o exemplo do nosso blog, se fossemos pedir permissão a toda a gente para que pudéssemos fazer as nossas publicações certamente os nossos posts seriam apenas dois ou três, se tanto. E sim, isto é em parte,uma critica à Constituição da República Portuguesa utilizando a informática, será que vou ter problemas?
Talvez seja melhor reverem os vossos comentários no Facebook e nas plataformas de informação online, quem sabe ainda se safam.
ps: Podem ler a Constituição e respectivo artigo aqui
segunda-feira, 9 de abril de 2012
Logorama
quarta-feira, 4 de abril de 2012
Falta de aplicação das sentenças -> atraso na aplicação da justiça -> sentimento de impunidade|
Um cidadão pode não concordar com uma sentença porque considera que ela não segue os “tramites legais” e por isso recorrer da sentença que lhe foi a aplicada. Agora, é adequando que depois de meses ou anos de julgamento a sentença de um juiz não tenha nenhuma efectividade? Então para que é que serviu o julgamento?
Considero que uma sentença deve ser aplicada (por exemplo, pena de cadeia), mesmo que o arguido coloque um recurso. Se na instância superior a primeira sentença for confirmada, não há mais hipótese de recurso e o arguido continua a cumprir a pena.
Se for contrariada, o arguido sai da cadeia enquanto espera pela decisão do supremo tribunal para “desempatar”.
Se a decisão do supremo tribunal for i) concordante com a primeira, o arguido volta para a cadeia para cumprir pena, se ii) for concordante com a segunda, o arguido fica ilibado.
No caso ii) o cidadão pode pôr um processo contra o primeiro juíz por erro ou negligência e pedir uma indemnização (paga pelo juíz). Este erro ou negligência fica no currículo do juíz e conta para a sua progressão na carreira.
No caso i) o MP pode pôr um processo contra o segundo juíz por erro ou negligência e pedir uma indemnização (paga pelo juíz). Este erro ou negligência fica no currículo do juíz e conta para a sua progressão na carreira.
Com este modelo seria possível i) avaliar os juízes; ii) fazê-lo de uma forma isenta, iii) ajudar no combate à falta de aplicação da lei e do sentimento de impunidade.
O que vai VOCÊ FAZER em relação a isso?
terça-feira, 3 de abril de 2012
E se as nossas casas fossem de graça?
Como sabemos as dificuldades que grande parte dos portugueses tem em pagar os empréstimos das suas casas aos bancos são cada vez maiores. Então e se os bancos perdoassem as dividas do crédito habitação dessas pessoas?
Pondo as coisas desta maneira, facilmente concluímos que tal situação seria impossível de existir. E então desistimos da minha utópica ideia e continuamos as nossas vidas. Mas o que eu proponho não se baseia em apenas perdoar dividas, perdoar, sim, mas se certas regras forem estabelecidas.
Então e se a base do perdão de tais dividas (crédito habitação) funcionasse da seguinte forma?
- O crédito teve que ser feito no mínimo há 10 anos
- Apenas os devedores teriam a sua divida perdoada
- Algo que não se voltasse a repetir
segunda-feira, 2 de abril de 2012
Desemprego Medicina
Na última Assembleia Geral da AEICBAS, na semana passada, discutiram-se temas como a redução do numerus clausus e a problemática da ausência de vagas pra especialidade para todos os estudantes de medicina que acabaram o 6º ano. É importante relembrar que estes estudantes por decisão da Ordem dos Médicos só têm autonomia depois do primeiro ano de especialidade. O que implica que quem não tiver vaga pra entrar na especialidade tem que ir trabalhar para caixa do modelo ou para um call center, sem desprimor pra estas profissões, mas são 6 anos demasiado caros para os nossos pais e para o Estado. Demasiado extenuantes para serem deitados ao lixo por irresponsabilidade dos nossos ‘responsáveis’ governamentais.
Uma opinião veiculada durante a AG foi a necessidade de tentar explicar à opinião pública, que se demonstra constantemente contra nós, a realidade dos factos e a necessidade de tomar atitudes urgentemente. E, correndo o risco de me repetir no tema dos posts, senti a necessidade de voltar a falar neste assunto.
Ora se era verdade, ou ainda é, que há falta de médicos isso deveu-se a um número de vagas para medicina demasiados baixo. A solução seria aumentar essas vagas até um certo número, alguns estudos referem 1400, mas o que aconteceu foi isto:
Uma subida exponencial e cega que continua a aumentar. Se em 2006 (6 anos depois de entrarem para a faculdade) eram cerca de 600 e em 2011 cerca de 1300 novos médicos para a especialidade em 2014 podem ultrapassar os 2000. É lógico que 2000 médicos a sair todos os anos das faculdades vai originar um excedente que não é desejável. Podem argumentar que há desemprego em todas as profissões, mas nenhuma precisa de 2 anos de experiencia para ser considerado apto pra exercer a profissão sozinho. Também podem afirmar que se continua a ter que importar médicos de países da América do Sul, mas isso tem que ser visto como uma medida que a curto prazo se demonstrará desnecessária, devido ao aumento exponencial de estudantes de medicina já referido.
Desta forma espero ter feito a minha parte, partilhem a informação e reflitam sobre a mesma antes de escrever comentários idiotas e obtusos nas caixas de opinião dos jornais on-line.
Pedro von Hafe Leite