Ainda hoje li, em alguns artigos de opinião, ecos das ondas
de escândalo sobre as tão polémicas declarações de Cavaco Silva acerca das suas
pensões. Todos os portugueses deviam estar indignados pelas suas declarações
mas mais uma vez foge-nos por completo o sentido de timing e o alvo da
verdadeira indignação. Os tempos que atravessamos são de manisfestas
necessidades e para uma proporção assustadoramente real de portugueses
agudizou-se de uma situação má para insustentável ou perto de tal. Assim sendo
as susceptibilidades estão mais sensíveis e basta um comentário menos
ponderados para dar origem a uma grande
inflamação na opinião pública.
Não me percebam mal, a minha opinião para com Cavaco nunca foi boa, até longe
de ser razoável e mesmo entendo que a indignação verificada é legítima e até
necessária nem que seja só para demonstrar claramente que não toleramos faltas
de consideração ou comportamentos e discursos menos que eticamente exigentes
para responsáveis dentro da sociedade. Aliás posso dizer que a verdadeira
exigência, a consistente, coerente e sem hipocrisia ou cinismo é fundamental á
elevação da politica e consequentemete do interesse dos portugueses por ela.
O senhor Silva sempre colheu grandes elogios junto do povo,
em minha opinião, por este o ver como um self
made man e nisto têm razão. Este animal politico sempre pensou apenas em si
mesmo sendo leal apenas a si próprio usando o que precisava para chegar onde
quis. Ou seja, a sua leadade nunca foi para com o partido pelo menos não deu
mais leadade da que entendia necessária para os seus os propósitos. A isto os
portugueses chamaram de inconformismo e independência, uma coisa fresca e
indicativa de integridade moral. A integridade de Cavaco não é moral é apenas
necessária para se distanciar daqueles com quem colaborava quando o proveito de
tamanha colaboração deixou de ser benefico para ser um risco de colagem. Por
isto, Cavaco o senhor “Politica” dos últimos 20 anos em Portugal, que mexia no
PSD quando lhe convinha, que esteve calado mas editando livros auto-promotores
e fazendo politica no partido e fora dele, que lançou o despesismo para os
interesses corporativos disfarçados de desenvolvimento de interesse público e
agora diz que exageramos no crédito e na destruição da capacidade produtiva
ergue a taça do cinismo e da manipulação. Contudo todos nos queremos redimir,
Cavaco não é diferente e por isso depois de deixar de precisar do partido que
sempre o apoiou mesmo depois do partido ter sido usado e traído, decidiu ser
realmente um arbitro ponderado da República e fazer achegas a tudo que o
Governo dizia sobre o orçamento e politicas de cortes. Fe-lo muitas vezes
inoportunamente e sem razão mas fe-lo por entender que era seu dever e que
depois de PR mais nada significativo podia ser e por isso tinha que deixar
legado moral enriquecer o busto e os honores postumos.
A este senhor Silva ainda posso apontar um sentido perservo
de manipulação de se estar bem a lixar para as responsabilidades do cargo que
ocupa, seja quando deu a entender via jornal “Publico” que publicou as
declarações de um anónimo ligado ao PR sobre a possibilidade de estar a ser
espiado pelo Governo de Sócrates e agora mesmo segue o mesmo modus operantis e
liberta uma informação no mesmo jornal por um anónimo para desviar as atenções
das suas desoladoras declarações e para refocar tudo no governo nem que seja
por uns tempos. Devo salientar que reconheço ao Público o título de único
jornal diário sério em investigação jornalistica e a par do Expresso são os
únicos que se conduzem junto das figuras de topo com elevada indepedência e
missão de informação, mas para quem lê o Público começam a ficar muito claro os
ódios e desígnios politicos do pessoal da redação, que se enamorou por Sócrates
para depois via cronistas, editoriais e spin das notícias com exploração de
ângulos interpretativos muito agudos sobre quase toda a acção do anterior
Governo tornando-se assim, um dos seus
maiores opositores. Foi sempre ameno a Cavaco mas rapidamente se enamorou por este,
tendo sido, na minha opinião, nada inocente a decisão de entregar mais uma vez
a semente de um falso escandâlo ao Público.
Todos deviamos conhecer Cavaco, o homem sem senbilidade ou
tacto para ordenar a repressão violenta
nas manifs dos policias e das portagens na ponte 25 de Abril na década de 90
entre outros inúmeros casos em que Cavaco não convivia bem com a democacria e o
direito de expressão e não tinha vergonha de abusar do alegado dever de ordem
pública. Assim sendo posso dizer que homem é muito directo, apesar de andar
sempre em rodriguinhos e por isto ser necessária um supercomputador da NASA e
os arquelogos da Pedra de Rosetta para descodificar os seus discursos
cripticos. Este homem disse claramente aquilo que queria dizer, mas todos nós deviamos
conhece-lo, afinal ele já anda cá há mais de 20 anos. Não fossem os tempos e as
suas declarações teriam sido facilmente esquecidas como um lapso.