domingo, 12 de fevereiro de 2012

O senhor Silva


Ainda hoje li, em alguns artigos de opinião, ecos das ondas de escândalo sobre as tão polémicas declarações de Cavaco Silva acerca das suas pensões. Todos os portugueses deviam estar indignados pelas suas declarações mas mais uma vez foge-nos por completo o sentido de timing e o alvo da verdadeira indignação. Os tempos que atravessamos são de manisfestas necessidades e para uma proporção assustadoramente real de portugueses agudizou-se de uma situação má para insustentável ou perto de tal. Assim sendo as susceptibilidades estão mais sensíveis e basta um comentário menos ponderados para dar origem a uma grande  inflamação  na opinião pública. Não me percebam mal, a minha opinião para com Cavaco nunca foi boa, até longe de ser razoável e mesmo entendo que a indignação verificada é legítima e até necessária nem que seja só para demonstrar claramente que não toleramos faltas de consideração ou comportamentos e discursos menos que eticamente exigentes para responsáveis dentro da sociedade. Aliás posso dizer que a verdadeira exigência, a consistente, coerente e sem hipocrisia ou cinismo é fundamental á elevação da politica e consequentemete do interesse dos portugueses por ela.

O senhor Silva sempre colheu grandes elogios junto do povo, em minha opinião, por este o ver como um self made man e nisto têm razão. Este animal politico sempre pensou apenas em si mesmo sendo leal apenas a si próprio usando o que precisava para chegar onde quis. Ou seja, a sua leadade nunca foi para com o partido pelo menos não deu mais leadade da que entendia necessária para os seus os propósitos. A isto os portugueses chamaram de inconformismo e independência, uma coisa fresca e indicativa de integridade moral. A integridade de Cavaco não é moral é apenas necessária para se distanciar daqueles com quem colaborava quando o proveito de tamanha colaboração deixou de ser benefico para ser um risco de colagem. Por isto, Cavaco o senhor “Politica” dos últimos 20 anos em Portugal, que mexia no PSD quando lhe convinha, que esteve calado mas editando livros auto-promotores e fazendo politica no partido e fora dele, que lançou o despesismo para os interesses corporativos disfarçados de desenvolvimento de interesse público e agora diz que exageramos no crédito e na destruição da capacidade produtiva ergue a taça do cinismo e da manipulação. Contudo todos nos queremos redimir, Cavaco não é diferente e por isso depois de deixar de precisar do partido que sempre o apoiou mesmo depois do partido ter sido usado e traído, decidiu ser realmente um arbitro ponderado da República e fazer achegas a tudo que o Governo dizia sobre o orçamento e politicas de cortes. Fe-lo muitas vezes inoportunamente e sem razão mas fe-lo por entender que era seu dever e que depois de PR mais nada significativo podia ser e por isso tinha que deixar legado moral enriquecer o busto e os honores postumos.

A este senhor Silva ainda posso apontar um sentido perservo de manipulação de se estar bem a lixar para as responsabilidades do cargo que ocupa, seja quando deu a entender via jornal “Publico” que publicou as declarações de um anónimo ligado ao PR sobre a possibilidade de estar a ser espiado pelo Governo de Sócrates e agora mesmo segue o mesmo modus operantis e liberta uma informação no mesmo jornal por um anónimo para desviar as atenções das suas desoladoras declarações e para refocar tudo no governo nem que seja por uns tempos. Devo salientar que reconheço ao Público o título de único jornal diário sério em investigação jornalistica e a par do Expresso são os únicos que se conduzem junto das figuras de topo com elevada indepedência e missão de informação, mas para quem lê o Público começam a ficar muito claro os ódios e desígnios politicos do pessoal da redação, que se enamorou por Sócrates para depois via cronistas, editoriais e spin das notícias com exploração de ângulos interpretativos muito agudos sobre quase toda a acção do anterior Governo  tornando-se assim, um dos seus maiores opositores. Foi sempre ameno a Cavaco mas rapidamente se enamorou por este, tendo sido, na minha opinião, nada inocente a decisão de entregar mais uma vez a semente de um falso escandâlo ao Público.

Todos deviamos conhecer Cavaco, o homem sem senbilidade ou tacto para ordenar a  repressão violenta nas manifs dos policias e das portagens na ponte 25 de Abril na década de 90 entre outros inúmeros casos em que Cavaco não convivia bem com a democacria e o direito de expressão e não tinha vergonha de abusar do alegado dever de ordem pública. Assim sendo posso dizer que homem é muito directo, apesar de andar sempre em rodriguinhos e por isto ser necessária um supercomputador da NASA e os arquelogos da Pedra de Rosetta para descodificar os seus discursos cripticos. Este homem disse claramente aquilo que queria dizer, mas todos nós deviamos conhece-lo, afinal ele já anda cá há mais de 20 anos. Não fossem os tempos e as suas declarações teriam sido facilmente esquecidas como um lapso.