quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Novo paradigma para o SNS III

Um dos problemas de qualquer instituição que preste um serviço, é a verificação da qualidade do mesmo. Existem vários modelos para os diversos sectores, todos eles têm 1 ponto em comum: a necessidade de análise interna e análise externa.




Como se aplica isto à saúde? Como, quem, onde, quando avaliar a qualidade de um serviço de saúde? É um tema extremamente importante e necessário mas, no meu ponto de vista, demasiado técnico e longo para ser aqui devidamente esmiuçado. Assim, irei apresentar apenas algumas ideias que, apesar de incluírem os pressupostos supra-mencionados, não se enquadram nos modelos vigentes.




Verificação externa




Como garantir que aquele foi o melhor acto médico para aquele doente naquela situação? Não é possível, porque ele não existe! Pois, normalmente, existem vários actos médicos, igualmente bons e viáveis, possíveis. Agora, o que é possível é saber se foi um mau acto médico. Contudo, a grande maioria dos utentes não tem capacidade para fazer esta avaliação. Deste modo, essa tarefa tem de ser efectuada por alguém com competências adequadas e com o interesse necessário. Dentro do modelo apresentado na semana anterior, um dos interveniente que poderia contribuir para essa função seriam as instituições pagadoras dos serviços (companhias de seguros), as quais teriam interesse em que os seus clientes fossem bem tratados. Esta avaliação seria efectuada por técnicos de saúde habilitados para tal (médicos e outros) e, caso ficasse provado que foi prestado um mau serviço ao utente, a companhia de seguros poderia recusar-se a pagar (sem prejuízo para o utente). Da mesma forma, poderia haver uma instituição independente com capacidade para ouvir, investigar, aconselhar e apoiar os utentes com dúvidas e ou queixas (uma "DECO" ou "ASAE" com vocação para os problemas associados á saúde).




Verificação interna.




O melhor garante para a execução de um acto com qualidade é a vontade do próprio para tal. Posteriormente, a verificação dos pares, e por fim a fiscalização. Como incentivar a que o próprio tenha essa iniciativa? Instituindo um sistema de "reforço" meritocráta: quem trabalha mais e melhor tem mais retorno desse esforço, quem não cumpre não tem retorno, que prevarica é punido. Deste modo, e aplicado ao modelo em discussão, um técnico de saúde poderia ter parte do seu salário indexado à sua produção (consultas, cirurgias, doentes atendimentos na urgência, etc), "reforçando positivamente" o seu esforço quantitativo. O seu esforço qualitativo poderia ser incentivado pelo "reforço negativo", isto é, não prestando um mau serviço não seria prejudicado. Aqui a qualidade seria avaliada pelo não retorno do utente ao prestador de serviços de saúde pelo mesmo sinal/sintoma, ou derivados (ex: alguém operado ao joelho por "fractura do menisco" mas que depois da alta volta porque afinal também tinha ruptura do ligamento cruzado anterior). Assim, a repercussão poderia ser de 2 formas (caso se provasse que foi um mau acto): i) com um registo destes casos no currículo, prejudicando a progressão na carreira, ii) com um sistema de "garantia de qualidade" em que uma % do valor que o técnico aufere pelo acto só lhe seria paga após um determinado período de tempo (avaliado caso a caso); tempo este necessário para a verificação da qualidade do serviço.







O que vai VOCÊ FAZER em relação a isso?