terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

A Igreja e o Estado.

Boa tarde caros leitores, hoje venho abordar a relação da Igreja e do Estado no nosso país. Isto, porque, primeiro não acho normal a existência de tantos feriados religiosos (e por religiosos entenda-se, católicos). Segundo, também não acho normal que o Estado ceda a pressões religiosas nas medidas que tem vindo a tomar. Antes de começar quero afirmar que tenho o maior respeito por pessoas religiosas e não quero de forma alguma "gozar" com a religião, isto é apenas o meu ponto de vista.
 Quanto ao primeiro ponto, sou da opinião que se um feriado religioso não celebra a família, não deve ser feriado. Até porque num país em que a liberdade religiosa é uma realidade, uma religião não deve ter mais poder do que as outras, por mais ou menos dimensão que tenha. Por exemplo, o Natal, para mim, nunca teve como objectivo a celebração do nascimento de Jesus Cristo, mas sim, uma celebração da família (e penso não ser o único a pensar assim). Por muito significado religioso que essa época tenha, esse mesmo significado vai muito além da religião. Por outro lado temos feriados que celebram única e exclusivamente a religião. Enquanto por exemplo o 25 de Abril assinala um marco do povo português,  o 15 de Agosto assinala e passo a citar: "A elevação de Maria em corpo e alma à eternidade, para junto de Deus, de forma definitiva.". Nem todo o cidadão português é crente, e principalmente, nem todo o cidadão é cristão. Posto isto penso que a existência de tais feriados põe em causa a igualdade religiosa, o que não é a mesma coisa que liberdade religiosa.
 O que nos leva ao segundo ponto, se não há igualdade religiosa, alguém tem mais poder do que deveria ter. E apesar de não querer usar a palavra, terei que o fazer. É mais do que nítido que estamos perante um lobby. Só me surpreende que mais ninguém o aborde como tal. Mas um lobby é isso mesmo, um grupo de pressão, logo, pouca gente fala sobre isso.
 Dados os últimos acontecimentos sobre a eliminação de feriados e a cedência do governo às exigências da Igreja, podemos ter a noção da influência que esta instituição tem no seio do governo. A partir do momento em que a mesma é uma apoiante do CDS-PP, é claro que nunca teríamos o fim de feriados religiosos, sem o fim de feriados civis. Nunca teremos procriação medicamente assistida nem uma politica de aborto coerente, e muito menos que o sistema de adopção tenha como principal critério a estabilidade económica e emocional de uma família em vez do estado civil e/ou tipo de relação que a família mantém, seja, hetero ou homossexual.