quinta-feira, 1 de março de 2012

Direito à educação

Constitucionalmente um cidadão tem direito à educação (neste caso sinónimo de formação), o que a constituição não define é a qualidade dessa educação!
Pegando neste ponto, gostaria de lançar a questão: qual o direito de um cidadão em desvirtuar a capacidade do sistema proporcionar educação a outro? Nenhum?! Pois, mas isso é o que acontece quando um indivíduo concentra sobre si os recursos educativos de uma forma tal que estes não são utilizados na adequada educação dos restantes indivíduos! Exemplo: é do conhecimento geral (pois a grande maioria já experienciou pessoalmente como aluno ou professor) que numa sala de aula heterogénea o professor despende mais tempo a atender ás necessidades educativas de uns (os que têm piores resultados) do que de outros (os que têm melhores resultados).
A educação não é um direito de todos, então porque é que uns têm que ver a sua educação prejudicada por causa de outros? Sendo um direito “universal” o aluno com mais capacidades tem o mesmo direito de atenção do que o aluno com menores capacidades. Então deve-se retirar atenção ao que tem menores capacidades? Não, mas isso não pode ocorrer ás custas de uma educação de menor qualidade para o que tem maiores capacidades.
Pode-se alegar que o aluno com maiores capacidades atinge mais rapidamente os resultados esperados e que por isso não precisa de tanta atenção. Certo, mas esses resultados esperados são esperados para quem, para a média da população? Já vimos que para os que estão abaixo da “média” o sistema disponibiliza recursos para os por na “média”, e aqueles que estão acima da “média” têm que se resignar a descer para a “média”?!
Não me parece justo nem assertivo.
Não é justo que um indivíduo que se esforça, trabalha e quer aprender mais e melhor, não o possa fazer porque o professor tem que dar atenção àquele que não se interessa e/ou não se esforça e/ou não pode. Também não é justo que os que têm menores resultados atinjam os mesmos patamares dos que têm melhores resultados. Isto conduz à aprendizagem de um sentimento errado de facilitismo e de paternalismo. Mais uma vez, a educação é um direito “universal”, assim, tanto direito tem o aluno com melhores resultados de ver as suas necessidades atendidas como o que tem piores resultados. Eu até diria mais, deveria ter mais atenção e esforço por parte do sistema aquele aluno que se esforça e trabalha do que aquele que não quer saber e se desleixa (não me estou a referi a quem se esforça mas não pode).
Uma sociedade que limita o desenvolvimento dos seus jovens, impedindo-os de atingir o zénite das suas capacidades, devido a uma mentalidade que conjuga a esmola obrigatória com a inveja, condena logo à partida o futuro dessa mesma sociedade ao falhanço. O sistema actual castra o desenvolvimento intelectual dos jovens, condenando-os, e ao país, à mediocridade.
Como é que se pode ajustar isso?
Criando condições para que quem queira ser o melhor engenheiro mecânico, electricista, médico, pintor, etc., do mundo que o consiga; os que não querem o esforço, assumem a sua escolha.
Entre outros factores positivos, este modelo obrigaria a uma maior responsabilização dos alunos e seus encarregados de educação pelos resultados obtidos e sua consequências. O que permitiria combater a falta de educação já aqui debatida. Por outro lado incutiria uma mentalidade de esforço e trabalho pessoal para atingir resultados, sendo esse esforço proporcionalmente recompensado. Isto levaria à aquisição de uma sensação de justiça distributiva.
Como é que isto é possível obter?
Fazendo seriação “horizontal” dos alunos. Isto é, um aluno que tem capacidades mais “artísticas” não é pior ou melhor aluno do que o que tem capacidades mais “matemáticas”, tem é capacidades diferentes e deve ter um tipo de ensino adequado, o qual deve permitir que ele expanda a suas capacidades.
Paralelamente, fazendo uma seriação “vertical”. Dentro de cada um dos “agrupamentos horizontais” os alunos seriam agrupados conforme a quantidade das suas capacidades.
Havendo turmas mais homogéneas permitiria aos professores adaptarem o tipo de aula aos anseios dos alunos, o que aumentaria muito a rentabilidade das aulas e a progressão dos alunos (independentemente do “nível”).
Tudo isto seria flexível permitindo ao aluno uma total mobilidade. Assim, um aluno que este ano estivesse numa turma de nível B poderia para o próximo ano estar numa turma de nível A se assim o merecesse. O inverso também seria possível.
Isto permitiria criar elites intelectuais, com a concomitante aquisição da capacidade de atingir objectivos e da sensação que é esses objectivos são alcançáveis se houver esforço e mérito.
A mentalidade de que o “tipo porreiro é aquele que não se esforça e atinge os mesmos patamares do que aqueles “otários” que estiveram a trabalhar, porque consegue subverter o sistema, tem que acabar (ex: o tipo que copia, o que foge aos impostos, o que arranjou um “tacho” via partido, o que trabalha numa empresa pública que tem mais subsídios ou regalias do que qualquer outra, etc). Da mesma forma, tem que acabar a mentalidade de que temos todos de ir ao mesmo ritmo e atingir os mesmos resultados: quem fica para trás é ajudado e quem se destaca para a frente é travado.
A forma de o conseguir é através da educação, a qual é um direito “universal”.

O que vai VOCÊ FAZER em relação a isso.