Nesta última semana o Governo anunciou a primeira
remodelação, o secretário de Estado da Energia. Uma remodelação menor sem
aparente significado político que felizmente não escapou a um escrutínio
oportuno da oposição.
Feito este aparte, devo dizer que a polémica tem
justificação, pois se tratava de uma exigência da troika com bastante
justificação e o pecado mora nos partidos do centrão por não terem abordado
tamanha questão nas suas intervenções antes de ser uma imposição.
O assunto é a alteração das rendas que o Estado e os
consumidores paulatinamente concedem ás produtoras de energia. Este assunto
reveste-se de uma importância enorme para consumidores por representar um
encargo tarifário com peso significativo no orçamento mensal das famílias e
para os cidadãos por ser um elevado custo energético e assim um dos principais
factores que afecta negativamente a nossa competitividade enquanto economia e
em consequência o investimento industrial em especial o estrangeiro, a principal
fonte de investimento face á depleção de capacidade capital de investimento e
de poupança da nossa nação.
O já mencionado secretário de Estado preparava uma série de
diplomas que irão embater directamente nos lucros destas empresas, pois iram
criar uma plataforma para algo que este país realmente precisa, de competição
na energia para assim se baixarem os custos que as politicas energeticas
representam na economia portuguesa dando mais escolha efectiva, maior qualidade
e menor preço com maior competividade para a nossa economia. Queria este
politico minimizar os efeitos de uma nefasta, mas compreensível imposição da
troika, a privatização de um monópolio natural, a electricidade; pois é claro
que tamanhos interesses minam os lucros de empresas com lobbies muito bem
protegidos.
Este governo já reagiu ao sabor das acusações que iria
apresentar novos diplomas para enfrentar este mastodonte das despesas e do
buraco financeiro, e Álvaro Santos Pereira disse ainda que estava em
negociações e que tinha uma grande arma negocional. Infelizmente parece-me que
o membro mais fraco do governo é também o mais sincero apesar de todo o seu
esforço, á semelhança dos seus antecessores, ir redundar num cargo fantasma.
Digo tudo isto, pois nós bem sabemos das PPP, Lusoponte e SCUTS como são feitos
os acordos com empresas privadas em negócios com o Estado, o omnipotente e
milionário Estado fica com o risco e os privados com o lucro ou na falta deste,
calha-lhes sempre uma choroda indemnização.
Paulo Coelho