sexta-feira, 9 de março de 2012

Afinal encontrámos o Norte


Já há algum tempo o Von Haffe terá escrito um comentário ou um texto neste blogue que falava sobre o tratamento diferencial que Lisboa e o governo central prestavam á região de Lisboa e Vale do Tejo em relação ao resto do país em especial ao Norte e ao interior. A confirmação tem sido obtida por vários estudos sejam na avaliação da eficiência dos sistemas de sáude a nível regional em que a Administração Regional de Sáude (ARS) do Norte demonstrou uma eficiência quase 50 % superior em termos de custos/benefício obtidos ou seja no Norte obtemos mais cuidados médicos pela mesma quantia de recursos investidos em relação á ARS Lisboa mas mesmo em comparação com outras ARS de Portugal o Norte sai claramente a ganhar na gestão de recursos. Esta premissa é preliminar e carece de análise profunda para que possa ser validada como conclusiva, mas pelos menos aparenta ser aquilo que muitos que conhecem as regiões de Grande Lisboa e do Grande Porto constantam: apesar do manisfesto menor investimento, mesmo ponderando a diferença proporcional de tamanho entre as duas regiões, o Porto parece desenvolve-se mais do que Lisboa em termos comparativos de tamanho e investimento. Tudo isto pode ser muito subjectivo, mas as referências da inovação, dos projectos criativos e da experimentação mais vanguardistas acabam muitas vezes por ter morada no Norte e mais frequentemente no Grande Porto.
Numa nota semelhante, dois artigos do Expresso constatam a diferença na politica de investimento para as duas regiões. A 25/02/2012 no suplemento de Economia do Expresso, o jornalista Daniel Deusdado dá-nos mais factos que apontam a diferença.  A região de Lisboa tem 130% de rendimento médio nacional em comparação com o Norte com 80%, o Norte tem um superavit de 130% das exportações em relação ás importações quando Lisboa tem um dos maiores défices do país, sendo a média nacional de 74%. O Norte produz 40% do valor acrescentado bruto do país tendo apenas 23% do território, 35% da  população, 50% emprego industrial, a maior taxa de desemprego geral e jovem e o dos maiores valores no indíce de pobreza. Obtêm-se maiores mais-valias no Norte do que em Lisboa, esta parece ser uma conclusão plausível. Basta comparamos as políticas de investimento nos mais variados sectores, seja na alocação de recursos para obras públicas, na educação ou nos transportes públicos. Talvez possamos falar dos transportes públicos como mais um caso da superior eficiência que se pauta o Norte; neste capítulo a STCP investiu por conta própria em autocarros movidos a gás natural, ecologica e economicamente mais em conta bem como que em manutenção representam uma poupança de pelos menos 700 a 1000 por autocarro. Enquanto empresa pública com grande participação da CMP e apenas uma pequena parte do Estado esta empresa realizou um investimento claramente justificado que permite poupanças significativas mas na hora de sustentar tais serviços e fazer a distinção entre a boa e a má gestão dos serviços públicos tamanha diferença não é demonstrada.
No Norte queremos independência, pois só assim nos libertamos e construímos o nosso futuro. Em Lisboa sempre existirá o compadrio dos nativos e dos filhos do interior que querem ser apradinhados pelos grandes interesses politico-empresariais empenhados em manter o status quo da mediocridade, do demérito e do nosso pseudo-feudalismo, em Lisboa nunca precisarão de independência ou responsabilidade porque afinal o Estado, todos nós, pagamos a factura. Que venha daí a descentralização, a diminuição dos impostos da República, a liberdade das regiões e assim obteremos um país mais produtivo sem que tenhamos que patrocinar regiões com investimentos desajustados para as suas necessidades. Tem que existir solidariedade entre as regiões mas também um princípio de equidade e justiça, premiando as boas iniciativas em especial por parte das regiões mais desfavorecidas.

Paulo Coelho