sábado, 14 de janeiro de 2012

Propósitos e actos

Nas últimas semanas muito se têm falado de interesses ocultos, dos polvos partidários, económicos, judiciais e corporativos em especial aqueles que envolvem detentores de cargos públicos e nesta onda enfatizou-se a maçonaria.
Mais uma vez voltamos a querer cobrir o sol com a peneira;a questão de um membro da maçonaria pertencer ou não à maçonaria é pertinente, é claro, mas não podemos sequer pensar em legislar tamanha obrigatoriedade pela grave ilegalidade e inconstitucionalidade desta medida. Devemos, no entanto, enquanto eleitores enfatizar se necessário o dever que um candidato a um cargo público em divulgar todas as associações que possam, ainda que potencialmente, interferir com os legítimos interesses públicos. Ficamos arredados de discutir os verdadeiros assuntos ligado ao cenários de corrupção e tráfico de influências, assuntos como o código processual dos tribunais, a sua morosidade, a investigação redundante e minada de conflitos de interesses e interferências por partes de agentes menos bem intencionados.


Com esta discussão, pouco proveitosa pelo facto das conclusões serem óbvias, acabou por dispersar-se um pouco a atenção de um grande imbróglio para o Governo: os rentier do Estado na EDP, seja Catroga, autarcas e outras figuras cujo CV é altamente questionável em particular Celeste Cardona esse Armando Vara de saias da direita.
Aproveito para realçar a tamanha hipocrisia de Catroga, um dos pródigos messias da crise aclamando sempre que estávamos a viver a cima das nossas possibilidades, defensor da elevação da moral dos detentores de cargos públicos e outras frases feitas para a verborreia moral do centrão, acaba por entender normal acumular o seu avultado salário com a reforma perfazendo qualquer coisa próxima dos 55 mil euros mensais, ou seja acumular um rendimento reservado para quando interromper a actividade laboral, a reforma, com um rendimento de um trabalho no qual está activo. O cheiro fétido da hipocrisia já entupiu o nariz dos portugueses; porque enquanto perpétuos potenciais candidatos a qualquer coisa que lhes convenha este tipo de figuras tem que se meter na politica para apenas dizer que cheira mal e que estão de partida para mais uma nobre odisseia empresarial para dinamizar a economia portuguesa com trabalho altamente rentável em cargo que é definitivamente altamente produtivo, mas apenas o fazem para fazer tempo com umas tiradas lacónicas e assim ganham alguns minutos de fama fácil para conservar a imagem pública, um activo e um capital muito precioso para aqueles que põem o cargo público como o Plano B da carreira ou para cimentar as tão benéficas amizades cultivadas no meio politico-empresarial.


Já agora, existem sociedades secretas que, a meu ver, requerem igual atenção para o potencial poder de enturvarem, através dos seus associados em cargos públicos, o interesse público tais como a Opus Dei. É no mínimo curioso que a Maçonaria, uma sociedade com uma história de defesa dos valores da fraternidade, liberdade e igualdade, que fez esforços para a abertura das sociedades ocidentais à liberdade de pensamento e expressão seja tão condenado por simplesmente existir. A natureza secreta passa em parte por rituais e natureza das tradições bem como necessidades para exista um diálogo franco e sem os clichés políticos dentro de um conjunto de indivíduos que partilham um sentido de missão para dados valores e princípios. Devemos respeitar a privacidade de todos e com as devidas particularidades os detentores e candidatos de cargos públicos mas ninguém terá que padecer daquela prurido tão apetecível que é a caça ás bruxas do interesse público.


Nesta linha devo então referir que cada um é responsável pelas suas acções e os políticos são responsáveis pelas suas e não podemos pugnar toda um organização pelos actos de um individuo. Que se analisem seriamente e na integra as acções dos políticos e não apenas as suas associações. Pois associações secretas não deste tipo no albergue de uma organização mas dentro de algo mais informal como conversas telefónicas ou jantares já deram provas de serem igualmente lesivas para o interesse público.




Para terminar deixo um link para um video dos Monty Python a propósito da Maçonaria e também um pedido de desculpas por não ter publicado na Sexta, dia habitual dos meus texto no blogue, mas por dificuldades que não consegui contornar, tive um acesso limitado à internet para poder publicar este texto.