sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Pão para a alma

São tempos de incerteza, muito está a mudar em termos de percepções e poucos não anseiam pelo futuro como se nele não houvesse mais do que uma brutal inquietude. Como olhar para o futuro, com a ansiedade da expectativa, com a desconfiança ou com assertividade de ser nosso? O nosso fatalismo genético parece no fazer olhar para o abismo e assim só nos resta que o abismo nos olhe. O medo da derrota, o marasmo são monstros que tentamos combater mas se os combativermos muito tempo seremos também brevemente monstros. Combater tais sentimentos é impossível mas podemos assumir que Pois bem muito pode ser dito como a nossa sociedade se regula a nível espiritual. A dessacralização de tudo acabou num paupérrimo sentido de perseverança perante a adversidade que não seja a simplesmente militância dos interesses adquiridos ou da vida que tem que ser vivida. São bons esforços a denúncia e nova mentalidade de não complacência dos velhos costumes de compadrio, corrupção e tráfico de influências e enfim de tudo que desvie o legitimo interesse público. 
Debaixo dos céus cinzentos da odisseia de Berlim 2012, os investidores pagam á Alemanha para que possam lhe emprestar dinheiro; os mercados são como as gaivotas, irracionais, necrófagos mas têm sempre um 6º sentido para as tragédias. Com este sinais parece clarividente que estamos prestes a atravessar a tempestade, os investidores estão a perder dinheiro para poderem simplesmente se manterem na actividade sempre numa crença auto-profetizada que a Alemanha não falhará não pelo menos antes que toda a Europa falhe. Os indicadores são óbvios nas sentenças de recessão prolongada mas aparentemente auto-limitada pelo que dizem os fundamentais económicos estão sólidos. Estarão assim tão sólidos? Pois está na altura de questionar os básicos. Onde estão as mais valias do nosso modelo social que está e estará para sempre a ser colocado em questão e redefinido? Está na altura de falarmos abertamente dos valores, príncipios humanos, sociais e económicos daquilo que nos propusemos a concretizar no ultimo século e como podemos os gerir dentro da actual situação. Precisamos de saber sobre as mais valias dos sistemas de saúde, de educação nos moldes que existem. Dentro deste pensamento precisamos de libertar o estado para as pessoas, descentralizar e liberalizar estas tarefas em projectos com parcerias de instituições públicas não estatais a nível local.

Numa altura de gestão per proxy, o país tem que debater mais que défice tem que debater reformas estruturais. Pouco existe de produtivo por este governo para solucionar problemas concretos. Muitos dirão que o governo tem maiores problemas e eu concordo, mas as linhas gerais das reformas deviam estar pensadas e publicadas tal e qual aquilo que tinha anunciado na campanha eleitoral.
Como posso já ter referido em comentário neste blogue, vejo virtudes importantes neste governo mas também mais do mesmo em especial na falta de frontalidade no assumir das ideias estruturantes deste governo, não quero só ouvir das necessidades do país, elas são gritantes ainda que precisem de interpretação e apesar desta ser subjectiva até a esta muitos ministros se abstêm de tocar. Parece que estamos numa estratégia de evitar o confronto, aliás parece ser a única via deste governo que para impressionar os mercados, a UE com propaganda de coesão social que afinal é uma paz podre. Era precisa mais intensidade de debate de ideias e soluções e disso apenas temos tido o prato habitual de chicana com os já habituais casos das danças da cadeira na EDP. Afinal este governo também não se leva a sério tal como se poderia imaginar que um governo de um país em crise faria para moralização de uma nação. Já o disse e volto a dizer, um general, um treinador e outras figuras de líder reconhecem que a motivação do colectivo faz uma boa parte do caminho e mesmo que não se possa decretar a recuperação nem a moralização alguns exemplos de justiça, ética e sentido claro de serviço público podia melhorar muita coisa para a descredibilização da politica e das elites. Fica muito mal exigir austeridade, fazer valer menos o esforço dos portugueses mas que depois pessoas com atributos e curriculos pouco conhecidos recebam cargos e salários elevadíssimos. A questão dos salários das elites não é uma falsa questão, pois estas transparecem que o alegado mérito e a devida recompensa apenas existe para estas.
Está mais que na altura de dar pão ás nossas pobres almas. Pequenos exemplos, mesmo que tudo pode estar na mesma e assim mesmo ficar, pelo menos um movimento faz parece os outros em movimento tal e qual como corolariamente dito por Heisenberg. Em movimento não temos valores, mas estando parados também ainda não os conseguimos, talvez uma mudança de paragens seja o melhor exemplo a dar, faltando um exemplo cultural claro, mas sinal do tempos a relatividade absoluta rouba o valor de tudo deixando o tecnicismo ocupar a crença com um preço. Que tal um ministro que diga com clareza a sua experiência de vida que se exponha num nível pessoal não íntimo mas que sem pejo diga que aquilo que quer para a família, para si e aí veremos o reflexo que aquilo que anseia para o país. Falta conhecer a nível pessoal o nosso líder sem prejuízo das nossas liberdades, conhecer os fundamentos de tamanho homem e como esta personalidade pode alavancar o project,o aliás o repúdio em conhecer o homem apenas pode vir do realismo adulterado que rouba em todos os aspectos a dimensão humana da politica. Parece que sem cada um possa dizer aquilo que almeja pela displicência que castiçamos na cacofonia das vozes que rodeiam uma intervenção pública vamos apenas para ouvir as ideias nas linhas mais abstractas. Devia existir também um período de nojo para comentadores, pois muitos deviam olhar para si para perceber se ocupam preciosos espaço de discussão com reciclagens

As folhas do calendário passam, sem que algo de concreto que não exercícios de gestão se sucedam.