quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O que se pode fazer? (II)

No seguimento da crónica da semana anterior continuaremos a explorar o que podem os cidadãos fazer para contribuir para a mudança de rumo do país.



Na semana anterior foi debatida a necessidade de uma maior intervenção por parte da sociedade civil nos partidos políticos, tendo sido levantada a questão da não identificação com a maneira de agir dos partidos e das pessoas que os compõem. Esta pertinente dúvida servirá de ponto de partida para a presente crónica: quais as nossas hipóteses de escolha no panorama político actual?


Quando dizemos que não nos identificamos com nenhum partido político estamos a referir-nos a quais? Aos 2 do "voto útil", aos 3 do "centrão", aos 5 com assento parlamentar, ou aos 19 partidos políticos reconhecidos pelo Supremo Tribunal de Justiça ou pelo Tribunal Constitucional? Pois, é que existem outras forças partidárias no espectro político das quais nos frequentemente esquecemos ou nem sequer ligamos. Contudo, se formos analisar os programas e estruturas dessas forças poderemos encontrar ideias e pessoas com as quais nos identificamos, tornando-se essa uma alternativa de voto. Podemos sempre alegar que:


i) se se fizesse isso estaríamos a contribuir para uma dispersão dos votos o que levaria a uma maior instabilidade no parlamento e consequente dificuldade governativa. Ou seja, mais dificuldade e mais trabalho para os deputados e governo.


Pois, mas aí estaríamos a esquecer-nos que é precisamente para isso que lhes pagamos, para eles serem os representantes do povo e trabalharem para encontrar rumos que traduzam as opções do povo, e não para estarem lá apenas a fazer política do "bota-a-baixo"!


Por outro lado, o "voto útil" é apenas útil para eles, pois deste modo garantem sempre que têm emprego (leia-se "tacho") para si e para os seus, perpetuando a rotatividade de quem se senta nas cadeiras. Isto leva, a que quem dirige, sinta que independentemente da sua prestação, mais cedo ou mais tarde, voltará a dirigir, permitindo o total abuso das funções e incentivando a corrupção.


Temos que passar a pensar qual o "voto útil" para Portugal, e esse passa sempre pelo pluralismo de ideias e pela apresentação de alternativas que, numa primeira fase, obrigue a quem está no poder a dialogar e encontrar pontos de equilíbrio, e, posteriormente, possa ele próprio ser uma alternativa de governo.


ii) os pequenos partidos possuem programas "temáticos" e pouco robustos e que por isso não são uma alternativa.


Então, porque não militar num pequeno partido, com o qual nos identifiquemos, e ajudá-lo a desenvolver programas mais abrangentes e credíveis, tornando-se numa alternativa governativa viável?



Se mesmo assim nenhuma das opções políticas existentes lhe parecer viável, outras alternativas existem, mas dessas falaremos na próxima semana.



O que vai VOCÊ FAZER em relação a isso?