segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

SCUT's

A destruição das scuts, quer do ponto de vista político, quer do ponto de vista material (parece que os pórticos andam a levar umas chumbadas valentes) são mais uma demonstração do excesso de direitos em conjunto com uma falta de resposta politica correcta e justa.

Parece-me lógico que as auto-estradas sejam pagas com duas condições essenciais: a) haja uma alternativa com as mínimas condições; b) o preço seja justo.

Quanto a a) não me posso pronunciar de uma forma totalmente séria por não conhecer a fundo a realidade, mas se todas forem como a N13 que é a alternativa da A28 este ponto não está a ser cumprido. Quanto a b) não me parece normal que para ir de Esposende ao Porto (50km) se paguem 5€, a módica quantia de 1€ por 10km. Enquanto para ir a Lisboa, numa AE a sério, se paguem 20€ para fazer 300km (menos de 70 cêntimos por 10km)! Isto é um retrocesso muito grande para estas cidades periféricas que tinham uma base de crescimento sustentada nas pessoas que trabalhavam nas cidades maiores, mas que viviam nas periferias, e que agora vão deixar de o fazer. Para além disso todo este dinheiro é, mais uma vez, para pagar (e não chega) contractos ruinosos para o Estado e milionários para empresas com ligações a pessoas que estiveram no Governo (vide o assessor do secretário-geral do anterior Governo Paulo Campos que, curiosamente, foi o responsável pela implementação dos chips). Por fim, e quase por curiosidade, mas sendo uma prova da seriedade com que as coisas se fazem neste mundo. O IP1 passou a A28 de um dia para o outro sem que houvesse uma única alteração significativa no seu troço. Eu não percebo nada de estradas, mas se os IP’s são auto-estradas porque é que têm denominações diferentes?

Depois há um argumento levantado por algumas pessoas que é o do utilizador-pagador mas, este é um argumento que tem que ser utilizado com muito cuidado, porque se formos por esse caminho destruímos o Estado Social e passamos a viver numa sociedade meramente capitalista em que quem tem mais dinheiro tem mais direitos (para mim, um dos grandes problemas deste Governo é esta transformação muito negativa do país).

Concluindo, concordo que se paguem as AE se estas forem consideradas um luxo (acho que devia haver isenções para empresas que se tornam mais produtivas com o uso das AE e, portanto, contribuem para a economia do país) desde que esse dinheiro não seja para sustentar os ‘mamões’ do costume.

PS: Andar às chumbadas aos pórticos não me parece a manifestação de desobediência civil mais oportuna, mas isso sou eu que tenho mais que três neurónios.

Pedro von Hafe Leite