domingo, 13 de maio de 2012

A subsidiação dos salários


Não querendo embarcar na viagem de falar o quão mal está o país, queria alertar para cenários do nosso futuro próximo.
Ficamos cada vez mais arredados de poder de compra. O português desenrasca-se sempre, dirão muitos, mas mesmo assim em comparação para outros países em resgaste vemos que as nossas condições são más. As nossas condições são objectivamente más, os indicadores de organizações internacionais deixam isso muito claro e como tal devemos reflectir no modelo social a procurar, pois fica claro que fomos deixando valores e capitais sociais sem investimento, valores que podem custar a segurança, a paz social, a sáude e a educação tendencialmente gratituitas.
De uma década de liberalismo camuflado, os nossos direitos e responsabilidade de lutar pelo emprego e salários justos desapareceram. Durante vários governos o pseudo-liberalismo dava regalias sociais que complementavam de um modo um tanto indiscriminado e pouco criterioso o salários dos portugueses de classes média e baixa, ou seja o Estado subsidiava a falta de competitividade das empresas, pois o real poder de compra era amenizado por apoios socias, muitas vezes não merecidos e mal direccionados. Com isto, estes governos foram ficando impunes aos fracíssimos aumentos salariais, em especial em comparação com outros países europeus de desenvolvimento semelhante e á real necessidade de fomentar a competitividade que não fosse via desvalorização salarial.
Os subsidios de salário deram carta branca que os sucessivos governos darem ao patronato o poder em prosseguir o seu desenvolvimento via baixa de salários. Somos usurpados de emprego pelas lógicas de mercado, pelas intransigências sindincais, pelas lógicas de crescimento empresarial via salários baixos e perdas de regalias socias do estado e das empresas bem como politicas fiscais que enforcam o mérito e o trabalho dos assalariados enquanto que o estado se verga em compromisso com PPP e outros negócios ruinosos para o interesse público. Sem regalias socias, com monópolios privados vamos vergando até ficamos sem margem a não ser para quebrar.

Paulo Coelho