segunda-feira, 31 de outubro de 2011

OE 2012 - a sequela

Desta feita vou continuar na senda da minha última intervenção e manter-me numa análise da medida prevista no Orçamento de Estado de 2012 que confere à banca um fundo de suporte à recapitalização no valor de 1000 milhões de euros.

Sobre este assunto exponho, de seguida, alguns dados que não tive oportunidade de o fazer no meu último post:

-A banca em 2010 pagou 3,5% de IRC, sendo que as outras empresas pagam 27,5%

- Os lucros combinados dos primeiros nove meses do ano de 2010 do BES, BCP, BPI, CGD e Santander Totta são de 1 229,2 milhões de euros, ou seja, 4,6 milhões de euros por dia.

Os bancos têm, obviamente, demonstrado alguma vontade de evitar o uso deste fundo, pois ia tirar-lhes alguma credibilidade, porém, o certo é que o dinheiro está lá, apesar de os bancos terem os lucros já expostos. A minha questão é se esta ajuda também, ou sobretudo, não devia ser transportada para PME’s que mal têm liquidez para pagar as contas quanto mais sonhar em ter estes lucros obscenos que acabam por ser divididos por accionistas e espalhados por esses off-shores fora, libertando-os dos impostos nacionais.

Não me parece de todo correcto usar este financiamento para a banca quando estes têm o lucro que têm, sendo que quando foram precisos para comprar divida pública de nosso país vieram imediatamente defender a intervenção da troika, curiosamente na semana antes de esta ter, de facto, iniciado a sua intervenção. Demonstrando a força deste lobby. Ou então foi uma pura coincidência. É, deve ter sido isso…

E mantenho a mesma ideia de que se o objectivo é que a banca conceda mais facilmente crédito às empresas, este vai sair gorado.


Pedro von Hafe Leite