segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A Agricultura como motor da economia

Eis a minha primeira aventura neste blog, ao longo desta jornada vou, simplesmente, apresentar alguns factos sobre a sociedade no seu todo mas particularmente no nosso país, sendo que cada crónica irá abordar um tema em particular. Tentarei também salientar algumas soluções que me parecem exequíveis e que obviamente não fui eu que as inventei, mas que surgem através do conhecimento e das alternativas que me são apresentadas por pessoas que, provavelmente, falam desses temas com mais aptidões. Ou seja, o meu (nosso) papel será agrupar e apresentar ideias que na nossa opinião tornariam Portugal um país melhor em todos os aspectos.


Decidi começar pela agricultura, pois penso que é um dos maiores ‘handicaps’ da economia portuguesa e que é passível de uma mudança rápida e viável senão a curto, a médio prazo. É também um exemplo paradigmático da falta de visão dos governantes e do país, e apresenta várias vertentes económicas e sociais interessantes, desde o problema importações/exportações (balança comercial), desaproveitamento do património humano e material do país, integração na UE, etc.


Vamos aos factos baseados em dados do INE:


-40% do alho, batatas, cebolas, pepinos e tomates são importados;


-Gastamos na importação de carne de bovino 372 milhões de euros, exportando apenas 15 milhões;


-75% cereais são importados;


-90% de trigo é importado;


-2 milhões de hectares desactivados passíveis de produção;


-Só na produção de vinho, leite e azeite é que há auto-suficiência em Portugal;


-No inicio do século XXI tínhamos a fábrica de obtenção de açúcar a partir da beterraba sacarina com melhor performance da UE, em 2008 foi desmobilizada. Hoje, o açúcar provém da cana-de-açúcar importada a 100%;


-Em 2010 foram gastos 7 mil milhões de euros na importação de comida (10% do financiamento da Troika a Portugal);


-As explorações agrícolas ainda ocupam metade da área geográfica do país. Contudo, nos últimos dez anos desapareceram 112 mil explorações e a respectiva superfície recuou mais de 450 mil hectares;


-O produtor agrícola tipo, segundo o INE é homem, tem 63 anos, apenas completou o 1º ciclo do ensino básico, tem formação agrícola exclusivamente prática;


-O PRODER que é um apoio financeiro da UE para a agricultura, com a obrigação de aplicar os fundos entre 2007 e 2013, o governo português em 2010 nem 30% tinha distribuído, tendo dois anos e meio para aplicar 70% dos fundos ou perdemos este dinheiro. Durante 3 anos este apoio esteve completamente paralisado devido a burocracia vigente;


-Alguns agricultores que faziam o cultivo de alimentos excedentários na UE são pagos para terem as suas terras paradas e não produzirem.



Soluções propostas:


-Aposta nos sectores tradicionais como a cortiça, vinha e a oliveira, agora numa óptica de valorização da qualidade relativamente à quantidade;


-Criar regiões demarcadas é um dos exemplos do desenvolvimento de uma política de apoio às produções mais adaptadas às características climáticas do nosso país e adequá-las à aptidão dos solos;


-Aproveitamento dos apoios da PAC para culturas não excedentárias como a soja, o tomate ou o tabaco, conferindo-lhes igualmente um tratamento industrial;


-Aproveitar, como factor de aumento do rendimento agrícola, o desenvolvimento que o país conheceu em termos de mecanização, que o coloca actualmente a um nível mais próximo dos nossos parceiros europeus;


-Promover de uma forma mais orientada e acutilante cursos que envolvem esta área como engenharia agrónoma entre outros;


-Maior regulação da cadeia produtor – distribuição – venda para que não haja uma exploração e aproveitamento das grandes empresas sobre os pequenos agricultores


-Estimular a formação de cooperações de agricultores, para que se evite o problema supracitado e para que haja uma maior eficiência e uma partilha das despesas por parte dos pequenos agricultores, tornando-os mais produtivos (a união faz a força).



Eis uma hiperligação com uma reportagem da SIC que trata este assunto de uma forma bastante interessante e fácil de entender:





http://www.youtube.com/watch?v=WUZgTZFisbI