sábado, 29 de setembro de 2012

Manifestações ou "distribuição do mal pelas aldeias"?!


Hoje decorre mais uma manifestação organizada por uma central sindical para protestar contra “esta politica de direita que está a destruir o país”.
Pessoalmente concordo e apoio a democrática manifestação de opiniões e a luta (pacifica) por melhores condições de vida, nomeadamente num momento em que elas se estão a degradar rapidamente.
É por isso que acho que os 14% da população que está no desemprego (muito mais do que os milhares que hoje estão em Lisboa, podiam organizar uma manifestação para protestar contra o facto de uns terem tudo (emprego para a vida, receberem 14 meses de salário apesar de só trabalharem 11, terem subsistemas de saúde e de aposentação, etc, etc, e ainda terem a lata de virem exigir aumentos!!) e outros nada (estarem a ser sugados por impostos crescentes, verem as empresas onde trabalham a fechar, terem o crescente risco de não terem pensões daqui a uns anos, etc, etc.).
È que os sindicatos, e outras forças interventivas, esquecem-se, ou nunca souberam,: i) que o estado não é uma entidade independente, somos nós, o povo, ii) que o dinheiro que o estado dispõem vem dos impostos que cobra a quem produz, iii) que a função pública existe para servir o resto da população, iv) que esse resto da população trabalha para produzir valor exportável ou para que não seja necessário importar.
Só que neste momento, porque nos últimos anos Portugal transformou-se num pais de serviços, já muito poucos produzem mas muitos mais vivem, directa ou indirectamente á custa do estado. Por isso, não é difícil perceber porque é que isto se tornou insustentável!
Contudo, a culpa não é deste governo em particular, é de todos os governos que tivemos desde o 25 de Abril (que p ex. aniquilaram o sector produtivo), dos sindicalistas (que exigiram o que o país não podia pagar e assumem isso agora como “direitos adquiridos”), dos patrões (que pegaram nos fundos europeus e compraram carros e vivendas em vez de investirem nas empresas para as tornarem mais modernas e competitivas), e do povo (que se acomodou a tudo isto e não veio exercer o seu direito democrático de protestar antes de isto bater no fundo só porque tinha “direitos adquiridos” pagos por empréstimos ao exterior a taxas de juro baixas!).
Assim, eu pergunto:
Estão hoje a protestar contra quê e/ou contra quem?!
Querem a queda deste governo para ir para lá quem?!
Não querem esta politica, querem qual?!
Não querem um corte no 13º e 14º mês dos funcionários públicos (que têm emprego, porque não podem ser despedidos), querem que suba que impostos (o IRC das empresas quase falidas para haver mais desempregados do sector privado; do IVA que todos pagamos, desempregados incluídos; do IRS que todos pagamos)?!
Isto é muito simples, não há nem nunca houve dinheiro para o tipo de vida que levamos, assim, temos que reajustar a distribuição do pouco dinheiro existente, e para isso é inevitável que quem tem mais regalias (“direitos adquiridos”) as perca, para que outros não passem tão mal. Como diz o povo “há que distribuir o mal pelas aldeias”, e isso, para alem de acabar com a corrupção, gestores públicos com salários milionários, PPP, regalias de políticos; taxar os bens de luxo, e as grandes fortunas, também passa por terminar com muitos “direitos adquiridos” de muitos de nós para outros de nós possam ter o mínimo: emprego!
O que é que VOCÊ vai FAZER em relação a isso?