Hoje decorre mais uma manifestação organizada por uma central
sindical para protestar contra “esta politica de direita que está a destruir o
país”.
Pessoalmente concordo e apoio a democrática manifestação de
opiniões e a luta (pacifica) por melhores condições de vida, nomeadamente num
momento em que elas se estão a degradar rapidamente.
É por isso que acho que os 14% da população que está no
desemprego (muito mais do que os milhares que hoje estão em Lisboa, podiam
organizar uma manifestação para protestar contra o facto de uns terem tudo
(emprego para a vida, receberem 14 meses de salário apesar de só trabalharem
11, terem subsistemas de saúde e de aposentação, etc, etc, e ainda terem a lata
de virem exigir aumentos!!) e outros nada (estarem a ser sugados por impostos
crescentes, verem as empresas onde trabalham a fechar, terem o crescente risco
de não terem pensões daqui a uns anos, etc, etc.).
È que os sindicatos, e outras forças interventivas,
esquecem-se, ou nunca souberam,: i) que o estado não é uma entidade independente,
somos nós, o povo, ii) que o dinheiro que o estado dispõem vem dos impostos que
cobra a quem produz, iii) que a função pública existe para servir o resto da
população, iv) que esse resto da população trabalha para produzir valor exportável
ou para que não seja necessário importar.
Só que neste momento, porque nos últimos anos Portugal
transformou-se num pais de serviços, já muito poucos produzem mas muitos mais
vivem, directa ou indirectamente á custa do estado. Por isso, não é difícil perceber
porque é que isto se tornou insustentável!
Contudo, a culpa não é deste governo em particular, é de
todos os governos que tivemos desde o 25 de Abril (que p ex. aniquilaram o
sector produtivo), dos sindicalistas (que exigiram o que o país não podia pagar
e assumem isso agora como “direitos adquiridos”), dos patrões (que pegaram nos
fundos europeus e compraram carros e vivendas em vez de investirem nas empresas
para as tornarem mais modernas e competitivas), e do povo (que se acomodou a
tudo isto e não veio exercer o seu direito democrático de protestar antes de
isto bater no fundo só porque tinha “direitos adquiridos” pagos por empréstimos
ao exterior a taxas de juro baixas!).
Assim, eu pergunto:
Estão hoje a protestar contra quê e/ou contra quem?!
Querem a queda deste governo para ir para lá quem?!
Não querem esta politica, querem qual?!
Não querem um corte no 13º e 14º mês dos funcionários
públicos (que têm emprego, porque não podem ser despedidos), querem que suba
que impostos (o IRC das empresas quase falidas para haver mais desempregados do
sector privado; do IVA que todos pagamos, desempregados incluídos; do IRS que
todos pagamos)?!
Isto é muito simples, não há nem nunca houve dinheiro para o tipo de
vida que levamos, assim, temos que reajustar a distribuição do pouco dinheiro
existente, e para isso é inevitável que quem tem mais regalias (“direitos
adquiridos”) as perca, para que outros não passem tão mal. Como diz o povo “há
que distribuir o mal pelas aldeias”, e isso, para alem de acabar com a
corrupção, gestores públicos com salários milionários, PPP, regalias de
políticos; taxar os bens de luxo, e as grandes fortunas, também passa por
terminar com muitos “direitos adquiridos” de muitos de nós para outros de nós
possam ter o mínimo: emprego!O que é que VOCÊ vai FAZER em relação a isso?